Tempo, tempo...

Somos semeadores!

E saímos a semear.

E nossas sementes são aquelas que colhemos hoje e as que colhemos hoje também serão aquelas que nos permitirão colhê-las amanhã, semeando.

Assim, não há colheita hoje sem as sementes de ontem e não haverá colheita de amanhã sem as sementes de hoje.

E essa árvore que agora é árvore tem suas raízes no passado.

E aquela semente que agora é semente, será a árvore que tem suas raízes nela.

Somos árvores com raízes que se estendem até o primeiro momento de nosso passado e dele não podemos nos apartar, pois que de nossa copa, de onde vislumbramos o céu e o sol e a lua e as estrelas, já vemos outras raízes que avançam futuro a fora.

E o vento que balança nossas folhas agora, nos é apresentado pelas raízes que o conhece de longo tempo. E, agora, o apresentamos para as folhas que serão.

Ah, tempo, tempo...

Não importa se somos árvores ou semeadores. Tu se veste sempre em três momentos: o que fomos, o que somos, o que seremos.

No entanto, o que fui me deixa, irremediavelmente, onde sou. E aquele que serei, do futuro distante, grita que apenas serei se eu conseguir ser agora.

E por que não continuas o mesmo, tempo, após eu perceber que o passado, mesmo em mim, já me desilude por não mais ser e que o futuro, com seu encanto, me diz ser da mesma essência.

Somente no presente te manifestas, tempo?

Por: Sandro M. Alves