Série - Pequenas Histórias da AYAHUASCA III - Estamos em Direção ao Topo da Montanha

 Mestres Serie Historias V16

 Estamos em Direção ao Topo da Montanha

 

Baseado na miração de Elton da Rosa

 

Essa miração aconteceu fora do Trabalho da Ayahuasca, mas estava no mesmo nível de expansão da consciência, como na mais forte borracheira que poderia ter dentro do mais forte dos trabalhos.

 

Estava subindo uma montanha no Himalaia, na divisa da Índia com a China. Foram quatro dias de subida, bastante difícil, considerando que saíram 19 pessoas e destes, apenas 7 alcançaram o ponto final.

 

Uma vez no alto, tiramos fotos, nos abraçamos e comemoramos toda a beleza indescritível daquelas belas montanhas cobertas de neve, banhadas por um sol maravilhoso e que revelava linhas que se perdiam no horizonte e como poderia dizer, a palavra “fantástico” não faria jus a beleza sem comparativos do lugar.

Montanhas do Himalaia 5

 

Depois das comemorações e sabendo que, por causa do frio, poderíamos ficar somente 15 minutos por ali, sentei-me em posição de meditação e não foi preciso esperar nem 30 segundos para a espiritualidade se fazer presente e começar a mostrar cada passo da minha escalada. As dificuldades enfrentadas, a êxtase da chegada, os sentimentos experimentados no caminho, num minuto que durou os quatro dias anteriores.

 

Comecei vendo minha situação física debilitada por uma intoxicação alimentar ocorrida três dias antes do início da escalada. Depois passei a ver as dores de estômago, considerando que estava quase sem comer a uns 7 dias, minha dor nos joelhos e outras dificuldades físicas, que eram extintas quando levantava meu olhar para as belas paisagens do Himalaia e pelas belas reflexões que vinham num processo contínuo e interligado e que, eram agraciadas com manifestações de grande sabedoria.

 

A espiritualidade, mostrando todas as minhas dificuldades, meus momentos de dúvida sobre a capacidade de continuar, meus momentos de tristeza, os momentos de saudade da família, outros de arrependimento, outros de sabedoria, de alegria, quando, finalmente, aconteceu a grande chegada. O “EU CONSEGUI!” nascido do fundo da alma, a sensação de vitória, a comemoração com aquelas pessoas, um de cada canto desse mundo de nosso Deus.

 

Eu senti uma gratidão imensa, por cada passo dado, cada sofrimento vivido, cada sabedoria recebida, cada dúvida, mas sentia ainda mais gratidão pelo presente da chegada. Foi quando um anjo me disse: “Então! É assim a vida! Sofremos, duvidamos, erramos, nos arrependemos, sentimos saudade, aprendemos, acreditamos em nós, duvidamos de nós. Mas! O melhor dia da nossa vida é o dia da chegada”. Fiquei em dúvida e perguntei: “como assim? O dia da nossa chegada?”, ao que anjo me esclareceu: “O dia da nossa morte! Esse é o melhor dia da nossa vida, quando finalmente chegamos ao ponto mais alto da vida!”.

 

Fiquei emocionado com a revelação e pensei: “Cara! Estamos em direção ao topo da montanha! Nunca tinha pensado nisso antes”. Hoje quando algumas dificuldades se põem em minha vida, lembro que são apenas pequenos obstáculos na minha caminhada em direção ao ponto mais alto da vida.

 

A espiritualidade naquelas montanhas se tornava quase física, conversava comigo, dava informações, ajudava, manifestava sua presença e seu auxílio. Lembro que quando voltei a Rishikesh, na Índia, um amigo meu que tinha ficado por lá, falou: “O amigo que foi para as montanhas era um, mas o que voltou é outro!”, ao que repliquei: “Você é a segunda pessoa que diz isso. A primeira fui eu mesmo”.

 

Nunca tinha imaginado que tudo que vi e senti naquelas montanhas do Himalaia fosse possível e penso que, minha vinculação aos trabalhos dentro da Ayahuasca permitiram a abertura para as coisas que aconteceram por lá.

Caso queira ler relatos anteriores, entre no link “Pequenas Histórias da Ayahuasca” no lado direito do Site. Fraternidade Rosa da Vida