Fraternidade Rosa da Vida visita pontos tradicionais do Daime em Rio Branco (AC)

 

 

 

Por Alessandra Franco



        Entre os dias 27 de setembro e 6 de outubro, integrantes da Fraternidade Rosa da Vida formaram uma comitiva para visitar pontos tradicionais da comunidade do Daime, em Rio Branco (AC), entre eles: a Barquinha, fundada por Daniel Pereira de Matos na década de 20, o Alto Santo e o túmulo do Mestre Irineu.

Os encontros foram realizados nos locais onde os pioneiros da ayahuasca iniciaram os trabalhos com o chá sagrado e contaram com a participação do Mestre Iran e dos irmãos Alexandre Prata, Simone Lima, Ismail Carvalho, Patrícia Facchinetti, Hermano Camargo, Herbert Lima.

Percepção de maior conhecimento e valor do Daime, união, conexão, firmeza e autoconhecimento foram os principais sentimentos relatados pelos irmãos que vivenciaram a experiência.

Entrevistamos o Mestre para falar sobre a experiência da visita ao Acre:

 

Mestre Iran, quais os lugares que vocês visitaram? 

R.: Fomos à igreja do Zé, lá no Alto Santo, onde fizemos uma concentração, um trabalho bonito, bem caprichado, feito com muito amor. Fomos à Barquinha e fizemos uma visita ao túmulo do Mestre Irineu. Fomos ao Mercado Municipal de Rio Branco, onde comemos quibe de mandioca e um prato chamado de “baixaria”, que é uma mistura de cuscuz, tapioca, arroz, carne e ovo que dão para o caboclo comer, e é comida da madrugada... Comemos também mingau de banana e de sagu que foi muito bom, uma delícia...

Como Mestre espiritual/dirigente da Rosa, qual a importância e o maior aprendizado da expedição?

R.: Foi importante para o grupo da Fraternidade porque é um aprendizado grande que adquirimos com um trabalho que é diferente do nosso, mas que tem um propósito muito interessante, traz experiências que só dão pra colher lá mesmo. Nos traz uma condição de entendimento, uma consciência maior do que estamos fazendo. Então, agrega valor e conhecimento. Quando voltamos de lá, voltamos com mais consciência, mais firmeza e vontade de ajudar as pessoas que estão aqui, além de encontrarmos os nossos amigos e irmãos que têm um carinho fora do comum conosco. Eles se sentem bem com a nossa presença, e sentimos bem na presença deles. É uma comunhão, uma troca de boas energias.

P.: De forma individual, qual o maior aprendizado?

R.: É interessante para mim porque, quando chego lá, não tenho a responsabilidade que tenho aqui. É um trabalho que faço sem estar me preocupando muito, a não ser com os que levo daqui. De vez em quando, dou uma olhadinha pra ver como estão. Para mim ajuda bastante, já me ajudou muito em várias ocasiões, já me recolocou no caminho várias vezes.

Os lugares que visitaram fazem parte da base do Daime?

R.: Sim, fazem parte. São as duas grandes linhas, que é o Alto Santo e a Barquinha. Vemos que eles têm todo o cuidado de manter a tradição. Há sempre viva a memória dos Mestres. O trabalho do Mestre Irineu data de 1930 e da Barquinha, de 1948, então, foram próximos.

 

Alexandre Prata discursa à Barquinha como Vice-Presidente da Fraternidade Rosa da Vida

 

Para o vice-presidente da Rosa, Alexandre Prata, o estado do Acre é um lugar bacana, onde tem um povo receptivo e amigável. “Se você abordar alguém na rua, as pessoas te tratam bem, o povo é muito acolhedor, a comida é muito boa. Todo dia tomava um mingau de banana com tapioca para poder dar uma sustância depois dos trabalhos”.

Com relação aos trabalhos da Barquinha, Alexandre afirma que passou por um processo intenso no primeiro dia que tomou o chá. “Até conseguirmos entrar no trabalho, é um processo, porque chegamos no mesmo dia que teve trabalho à noite. É diferente do que estamos adaptados. Até você deixar com o preconceito que chega sobre as coisas, demora um pouco. Mas, depois que entramos na energia do trabalho, na Romaria, a coisa fica bem bonita. O povo é simples, é gente humilde, tem uma certa dificuldade financeira, mas fazem os trabalhos com muito amor e carinho. O trabalho é forte e o chá é forte, você toma um pouquinho e tem borracheira durante horas, e ainda tem aquelas valsas lindas que o Mestre Antônio Geraldo puxa, que é espetacular”, destaca Prata.

“No Alto Santo, fomos eu e Iran na Igreja do Zé, filho do senhor que era conhecedor do Mestre Irineu. Foi um trabalho de concentração de uma hora, com um chá maravilhoso, com borracheira tranquila e equilibrada. Visitamos a colônia da Barquinha também onde o mestre Antônio Geraldo faz as plantações e tem a Casa de Feitio”, acrescenta Alexandre Prata.

Para Herbert Lima, a experiência trouxe entendimento na relação pessoal com o perdão. “Tive um sensação de alívio com um sentimento que havia com meu pai, e hoje estou numa uma fase em que muitas coisas estão bem resolvidas, já tenho uma compreensão dos trabalhos. É uma experiência que você se absorve com a força, há uma identificação, senti também harmonia e auxílio aos que estão no físico e no plano espiritual. Não houve uma expectativa de receber algo, apenas uma constatação de permanência do estado de paz que é uma glorificação, um louvor à divindade”, conta Herbert.

Para o irmão Hermano Camargo, a Barquinha é uma casa de oração onde se encontra respeito, verdade, amor, firmeza e dedicação. “Agradeço ao Mestre Antônio Geraldo e à Neguinha a mais linda recepção. Sou todo gratidão”, destaca Hermano.

Patrícia Facchinetti conta que voltou transformada. “Voltei mais conectada comigo mesma, com tudo aquilo que é importante para meus valores. Fiz um mergulho profundo no Daime no sentido de estar mais aberta a sua guiança. A corrente da Barquinha traz essa possibilidade de fazer com que sintamos mais conectados à guiança do Daime e, assim, com aquilo que é verdadeiro. Foi uma experiência forte e com muita conexão pela base espiritual que lá existe”, narra Patrícia.

Segundo Simone Lima, a visita foi como nutrir-se da fonte. “Como daimista integrante da Fraternidade Rosa da Vida, a visita ao Alto Santo e à Igreja da Barquinha foi como beber na fonte. Aprendi que a máxima concentração possível no trabalho pode proporcionar maior firmeza e percepção de que a luz e o amor divinos estão à disposição de todos que os buscam”, relata Simone.

 

Informações – A Barquinha foi fundada na década de 20 pelo Sr. Daniel Pereira de Matos, que conheceu o Santo Daime com o Mestre Irineu.

Segundo Jose Ribamar P. da Frota, integrante da Barquinha há 20 anos, o nome “Barquinha” veio de uma miração que o Sr. Daniel Pereira teve ao receber um livro azul que chegava dentro de um barquinho. Esse livro trazia mistérios da força e os encantos do mar, com seres curadores e encantos da floresta, que trazem cura espiritual nos trabalhos da Barquinha.

Informações do site http://hibridos.cc/po/rituals/a-barquinha/

 

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